A importância do vínculo materno para o desenvolvimento da criança


A família está no cerne do desenvolvimento humano e configura-se como a primeira instituição responsável pela socialização dos indivíduos, oferecendo através das interações familiares um suporte indispensável para o desenvolvimento físico, social, emocional, afetivo e psicológico de todos os membros que fazem parte desse sistema.
Na atualidade, a instituição familiar passa por inúmeras modificações em sua estrutura e no seu funcionamento. A estrutura tradicional da família composta por pai, mãe e filho cuja responsabilidade da socialização primária da criança era exclusivamente dos pais, entra em crise, devido à dificuldade de realizar satisfatoriamente suas funções sociais, deixando de se apresentar como um porto seguro que haveria de ampará-los de todos os seus infortúnios. Essas mudanças, em virtude dos dinamismos da sociedade juntamente com as novas relações sociais, possibilitaram algumas transformações que interferiram no ciclo vital da família e nas relações parentais, configurando a concepção de uma sociedade fragmentada e pluralista. Dentre as mudanças ocasionadas na estrutura familiar, destaca-se a “emancipação feminina” com a ascensão da mulher no mercado de trabalho, que com uma participação mais efetiva e independente, busca através da atividade laboral o reconhecimento de direitos mais igualitários.
A participação ativa da mulher nas organizações de trabalho envolveu lutas sociais e de gênero a qual possibilitaram uma “revolução dos sexos” permitindo que a mulher pudesse realizar vários papéis sociais, como, profissional, estudante, dona de casa, mãe, entre outros, ademais, a mulher precisa dar conta dos afazeres domésticos, dos cuidados e da educação dos filhos, da sua capacitação profissional e dos cuidados estéticos. Dessa forma, o episódio histórico mencionado se configura como uma grande conquista em busca do reconhecimento da figura feminina, que viveu durante muito tempo subjugada e excluída da sociedade, tendo lhe sido negado a participação ativa nas decisões sociais. A partir da aquisição dos novos direitos e deveres, ela agrega em suas funções antigas, novas funções sociais, passando, a dividir com o homem, o lugar de provedora e mantedora do lar.
Com a maternidade, a mulher precisa se dedicar exclusivamente ao filho, porém, com a dupla jornada diária de trabalho que a absorve inteiramente em suas tarefas e o período curto da licença-maternidade, algumas delas encontram dificuldades em se dedicar satisfatoriamente as necessidades dos filhos, sendo delegado que outras pessoas ou outros agrupamentos sociais se responsabilizem por esta tarefa.
A relação da mãe com o bebê, em especial é fundamental na construção de um desenvolvimento psicológico e social saudável, além de contribuir para a formação dos relacionamentos posteriores. A mãe, na medida em que oferece uma base de apego seguro, através de um relacionamento caloroso, íntimo e contínuo, torna-se um suporte emocional imprescindível para garantir que os cuidados dispensados, sejam essenciais para a sobrevivência da espécie humana. Desse modo, a forma como as experiências são vivenciadas nos primeiros anos de vida, os tipos de vínculos estabelecidos entre mãe e filho e os comportamentos de apego tem efeitos duradouros sobre as condutas das crianças e dos adolescentes.
Dessa forma, os cuidadores, como as avós, as babás, ou professores de creches ou de berçários não possuem, ainda que tenha carinho pela criança, o envolvimento emocional necessário, para proporcionar a construção do psiquismo e a segurança necessárias para desempenhar no futuro, relações sociais satisfatórias. Em consequência, a ausência materna na relação afetiva e emocional com o filho, gera instabilidades emocionais na criança que podem trazer consequências nos relacionamentos posteriores. A atenção sobre o trabalho monográfico recai justamente sobre como a privação do vínculo afetivo seguro, causado pela negligência materna nas primeiras vivências familiares, que independente do nível sociocultural e econômico, pode interferir no desenvolvimento saudável da personalidade dos filhos.
Verifica-se que o vínculo afetivo materno é fundamental para garantir ao sujeito um desempenho satisfatório nas relações sociais e uma estrutura psíquica saudável, pois oferece a segurança necessária para a estabilidade psicológica e o equilíbrio emocional dos filhos. Em contrapartida, quando há ausência dos cuidados maternos, não é oferecida a essa criança a proteção adequada para o seu desenvolvimento, logo, o desamparo ocasionado pela privação da genitora gera instabilidade emocional, insegurança e o sofrimento futuro desses indivíduos que buscará algumas estratégias para compensar essa carência. Nesse sentido, impõe-se uma questão fundamental, qual seja, a privação do vínculo afetivo materno pode contribuir para o ato infracional do adolescente na atualidade?

Padrões do Comportamento da Interação da Criança com a Mãe no Procedimento da Situação Estranha
Apego Seguro
Apego Inseguro – Evitativo
Apego Inseguro - Ansioso
A mãe é uma base segura para exploração do ambiente (separa-se para brincar, partilha emoções enquanto brinca, estabelece relação com o estranho na presença da mãe; conforta-se rapidamente após a situação indutora de estresse). Busca ativa de contato e de interação com após a reunião (quando agitada, procura imediatamente o contato e este põe fim à agitação; quando não está agitada, mostra-se satisfeita por ver a mãe e dá inicio a interação).
Exploração independente da mãe (no inicio separa-se da mãe para explorar o ambiente; baixa partilha de afetos; estabelece relação com o estranho). Evitação ativa da mãe após a reunião (olha para o outro lado, movimenta-se em outra direção, ignora; não evita o estranho).
Comportamento exploratório pobre (dificuldade de se isolar para explorar o ambiente; necessita sempre de contato, mesmo antes da separação; receio de situações e pessoas diferentes). Dificuldade de estabelecer contato após a reunião (existência simultânea de procura e resistência ao contato, gritando, dando pontapés ou rejeitando brinquedos; pode continuar a chorar e gritar ou aparentar grande passividade).


Fonte: https://psicologado.com/atuacao/psicologia-da-familia/a-privacao-do-vinculo-afetivo-materno-pode-contribuir-para-o-ato-infracional-do-adolescente-na-atualidade © Psicologado.com

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