O Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL) se dá quando uma criança ou adulto apresentam limitações no compreender e/ou produzir linguagem, sem uma causa evidente. De cada 14 crianças, uma é acometida pelo TDL, prejudicando a alfabetização e a aprendizagem de forma geral, além de afetar a vida social e emocional. Antes, porém, de se concluir o diagnóstico, é preciso se certificar de que não se trata de um “Distúrbio Neurológico Motor da Fala na Infância”, como a Apraxia.
“A primeira fase do diagnóstico do TDL é avaliar a condição auditiva; considerando que para cada faixa etária há um tipo específico de exame para deficiência auditiva que deve ser feito pelo médico do paciente. Depois é preciso saber também se a criança não tem por exemplo Mutismo Seletivo, um transtorno mais ligado a ansiedade e fobias, e depois torna-se necessário se certificar de que não seja uma dificuldade motora na construção da linguagem, como por exemplo a Apraxia da Fala” – explica a Dra. Gesika Amorim. Porém temos que pensar que transtornos podem coexistir.
A Apraxia da Fala na Infância, termo recomendado pela Associação Americana de Fonoaudiologia, é um déficit na consistência e precisão dos movimentos necessários à fala. E suas principais características são:
- O repertório de vogais pobre, com muitos erros com as vogais.
- O repertório de consoantes também é pobre, incluindo as letras P e M, consideradas as mais visíveis.
- Presença de erros incomuns, idiossincráticos.
- Quanto maior é o número de sílabas, maior é a dificuldade da criança
- Conforme for o grau de severidade, a criança pode produzir o som, sílaba ou palavra-alvo em um contexto, mas será incapaz de reproduzir em contexto diferente.
- Fala acelerada ou monótona, erros de acentuação, déficit na duração dos sons e pausas entre as sílabas.
- Na apraxia oral, haverá dificuldades na sequência de movimentos orais voluntários.
- A criança não sabe como movimentar a boca, tenta falar, mas não consegue.
É PRIMORDIAL que o Fonoaudiólogo seja um profissional que tenha experiência com crianças e que trabalhe com desenvolvimento de fala e de linguagem, além de ser capacitado para diagnosticar e elaborar um plano de intervenção adequado para cada caso.
Não é apenas o profissional fonoaudiólogo, mas a família deve estar preparada para ajudar a criança da melhor forma. A família precisa entender que a desorganização faz parte do comportamento da criança com apraxia, por isso, esta deve ajudar a criança a organizar o seu quarto, os seus brinquedos. Não se trata de preguiça, SIM em um problema. Rotinas, limites e regras impostas serão necessárias. Não force a criança a falar. Deixe que ela o faça no seu tempo. O que ela precisa é ser acolhida e suas dificuldades entendidas. – Explica a especialista.
Use os brinquedos ou objetos que a criança mais gosta, colocando-os próximos a boca, pois ao nomeá-los, isso vai fazer com que ela preste atenção aos movimentos dos lábios. Ao conversar com a criança, mostre a ela como são os movimentos da boca.
A criança com apraxia precisa ser estimulada pela família com exercícios simples, porém, de muita ajuda. Além, é claro, de um bom fonoaudiólogo, capacitado para as necessidades da criança – finalizou a Dra. Gesika Amorim.
Nem Sempre é Autismo
Embora os dois casos, Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL) e o Transtorno do Espectro Autista (TEA), se apresentem com atraso da linguagem ou dificuldade de interação social, no caso do TEA, as crianças tem um maior prejuízo funcional se compararmos às crianças com TDL.
Nem mesmo os testes de linguagem mostram diferença significativa entre os transtornos. A ecolalia, por exemplo, é uma manifestação dos dois distúrbios. Mas não podemos confundir; no Transtorno de Desenvolvimento da Linguagem a criança apresenta as condições para desenvolver a linguagem e a fala, só que tal desenvolvimento não acontece como se espera.
E preciso considerar os problemas emocionais graves e se o ambiente familiar porventura não está afetando negativamente o desenvolvimento da linguagem. A partir do momento em que esses fatores forem excluídos, e se confirmar a alteração no desenvolvimento da linguagem e da fala, é então diagnosticado o quadro de TDL.
O apoio de profissionais, professores e da própria família, pode fazer uma grande diferença.
CRÉDITOS:
Dra Gesika Amorim é Mestre em Educação médica, com Residência Médica em Pediatria, Pós Graduada em Neurologia e Psiquiatria, com formação em Homeopatia Detox (Holanda), Especialista em Tratamento Integral do Autismo. Possui extensão em Psicofarmacologia e Neurologia Clínica em Harvard. Especialista em Neurodesenvolvimento e Saúde Mental; Homeopata, Pós Graduada em Medicina Ortomolecular - (Medicina Integrativa), dentre outros títulos
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